Alberto Ritter Tusi
Foi numa Noite em que a Solidão pode oferecer Tristeza à este preenchedor do tempo. Renunciei à leitura das linhas de um livro escrito por outro Louco e atirei-me no profundo do Escuro Profundo. Era a mais pura Tristeza sem nome, segurei com muito esforço as Lágrimas que queriam transpassar-me a face e levei-me à doçura de fechar os olhos largando tudo que me prende a este mundo, esquecendo meu corpo e entregando-me às asas da Noite. Então fui o mais feliz dos miseráveis. Por um milagre oculto da mãe natureza, descobri o Ouro dos Tristes Poetas. Não falo de coisas, falo de Luzes. Com que tristeza escrevo, pois só devem entender o que direi aqui, os mais tristes leitores. Se sabem vocês, pobres como eu, que falo das Luzes que nos habitam e flutuam-nos o interior das pupilas nas mais infinitas noites de Tristeza quando tudo que é mais Escuro que tudo, quando essa Tristeza cósmica que nos atinge reage com a substância solar das Lágrimas seguradas, se sabem, como eu, que é na escuridão desse momento que emanam e dançam dentro dos nossos olhos estas Luzes que bendigo, então sois ricos, mesmo sem um pila no bolso. Dedicarei, agora, meu presente à estas luzes, vou ouvir delas tudo que vossa gente certa, os livros e a academia não me puderam ensinar. Quando eu estiver pronto, talvez retorne.