9.10.08

Música erudita, clássica, antiga, popular...




O ser humano por natureza tem o dom de segmentar as coisas que compõem o seu dia-a-dia; faz isso com, entre outras coisas, os sons e com uma das coisas que nos permanecem mais obscuras e misteriosas até hoje: o tempo.

Essa visão analítica segmentada por um lado pode parecer boa pois facilita, ou aparenta facilitar, o entendimento dessas coisas. Imaginem-nos tentando compreender o tempo sem dividi-lo em segundos, horas, dias, anos, gerações, eras, etc.
Porém, a verdade é que da mesma forma que temos à ganhar com essa aparente idéia de inteligibilidade, perdemos completamente a visão do todo, a concepção holística do fator a ser observado.

E um dos campos em que eu noto que essa mania de segmentação é bastente prejudicial é o campo da música;
Ouço diariamente em conversas cotidianas, na televisão, nos jornais, nos papos da faculdade de música, etc; diversos termos como "música erudita", "música popular", "música de concerto", "música antiga"... Etc. Cada um desses nomes tem o seu tipinho, e suas frescuras respectivas. Sem falar que cada um desses nomes tem diversas segmentações com restrições ainda mais detalhadas. Que tem de superior a música dos salões nobres à de uma improvisação solitária de um louco ao piano, uma banda que faz um show para extraterrestres, e a de um pássaro na mata? Pra mim é tudo a mesma música.

Minha idéia é de que a música e todas as coisas que são assim segmentadas tem muito a perder com essas frescuras, devemos ter em mente que a música é uma só, sempre foi, e que esses nomes todos só servem pra estorvar o caminho dos que buscam os mistérios da arte, da natureza, e todas as coisas profundas da vida. Seguindo esse princípio, todas essas coisas serão muito mais profundas no estágio em que tivermos o senso de observá-las holisticamente, nesse ponto(e além) eu creio que elas não mais serão coisas distintas, elas se confundirão como as cores no espectro e os segundos no sonhar.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Porém, a verdade é que da mesma forma que temos à ganhar com essa aparente idéia de inteligibilidade, perdemos completamente a visão do todo, a concepção holística do fator a ser observado."

Muito bem colocado! A idéia de 'verdade absoluta, razão constante' pode servir como uma venda nos olhos..