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Nils Wogram (Trombone) & Simon Nabatov (Piano) |
Agora sim! Não preocupem-se. Pois esses dois NÃO SÃO de forma alguma como os da anunciada grande Butapest Chamber Symphony que não precisei de mais do que 09 caracteres pra descrever na resenha anterior. Eles não cruzaram o temido atlântico achando que pra nos impressionar poderiam fazer música tocandor qualquer coisa (à moda Stallone) como fizeram os da orquestra de Budapeste que devem ter tornado envergonhados ao velho mundo após verem muitos deixarem a sala de concerto no meio do espetáculo indignados com a pouca qualidade da orquestra. E não duvidando do fiel público de concertos de Porto Alegre já descrito nesse blog em outras resenhas, muito ao contrario do que fez a orquestra dita, este duo fez questão de dizer que são fãs da música Brasileira; dizer e tocar, pois a música que fechou o primeira parte do concerto foi em cima de um tema no estilo do nosso grande Hermeto Pascoal.
Foi o início da turnê latino-americana deste nobre duo de Jazz contemporâneo. Experiência fascinante pra este que voz escreve. Eles exploram combinações sonoras diferentes tanto composicionalmente quanto nos improvisos com muita inventividade e impressionante domínio sobre o repertório da música ocidental (principalmente a germânica) e sobre a técnica de seus instrumentos. Definiria o som como uma mistura do expressionismo (da segunda escola de viena) - o que me remeteu a maior parte da sonoridade do duo-, misturado com criatividade à coisas esporádicas mais coloridas de coisas como o Jazz modal do mestre Miles Davis. Bom, para tentar passar para vocês um pouco da grande qualidade artística deste duo, vou descrever, à minha maneira é claro, a terceira música do concerto. Aos compositores especialmente, vale a pena ler o que segue...
Tudo começa com o trombone, fazendo sons muito sutis de ar, remetendo a respiração de alguém que dorme (certamente é isto). De vagar, com um bom tempo, tudo vai crescendo até virar um impressionante solo atonal conturbado com muitas notas, algo muito ligeiro para ser tocado no trombone com precisão na afinação (o que não foi nada complicado para um músico da qualidade dele), precisão esta que é fundamental pois é a peça chave da composição deste tema. O mesmo começa no meio desse rápido solo de trombone com um impressionante ataque súbito do piano em um impressionante uníssono com uma das dezenas de notas que o trombone tocava num curto espaço de tempo, depois mais uma... outra, outra... O Piano colhia no ar as notas do solo virtuoso do trombone e deixava soando, cintilando no ar. Admito que é um lance de gênio. O piano segue colhendo as notas até chegar numa velocidade parecida, onde começa o que eu posso chamar de Jazz em si, improvisação com sonoridades expressionistas e muita técnica e especialmente musicalidade por parte de ambos, coisa de impressionar mesmo, algo que achei muito bonito. De dar asas ao inconsciente. Depois, pra fechar o sonho (Sim, nesse momento compreendi que se tratava de um sonho), o piano que enlouquece em um furioso solo que se esvaindo em todos os parâmetros até o fim e tem, como apanhador de sons no campo de centeio o trombone, que sustenta com a sua fantástica sonoridade as notas inconscientes escritas por Nabatov.
Algo muito nobre, qualquer músico que não tenha ido perdeu de aprender muito.
Um comentário:
Uma pena que por estas paragens tão pouco tenhamos para nos enriquecer.
Abraços!
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