Lendo o post sobre o evento "III Mostra de música contemporânea" no blog do "Música de POA" - um excelente evento e também blog: confiram nos meus blogs relacionados - não pude deixar de lembrar desse dia que me foi existencialmente tão rico.
A Mostra de Música Contemporânea é um evento idealisado pela compositora Cuca Medina, a quem eu devo muito aprendisado desde que entrei na ufrgs, pois ela é nossa monitora na disciplina de composição musical ministrada pelo professor Cunha.
Bom, voltando à mostra. No anoitecer chuvoso desta penúltima quarta-feira chego discretamente no aconchegante ambiente do museu da UFRGS e direto subo as escadas para o suspenso mesanino, o local do concerto. Lá estavam como sempre o pessoal do Música de POA(Que fizeram parte da organização também) mais a Cuca para lá e para cá. É admirável o trabalho e a vontade deles para divulgar a música que está surgindo em POA. Estavam também, já sentados um punhado de músicos e compositores ou simplesmente ouvintes que estavam conversando diversas coisas sobre música.
É claro que eu nestas situações me faço só ouvidos. Como bom principiante na arte de compor, deixo ouvir tudo quanto eu possa, lá fervia informação musical, não queria perder uma gota desta garrafa. Uns minutos depois, eu distraído desperto com o chegar do meu caro colega compositor Sérgio Baiano Lemos; um breve cumprimento e estávamos ambos de ouvidos atentos às conversas dos músicos do local.
Nosso impacto foi quando ouvimos de trás, subindo as escadas, a voz do nosso caro professor: o Cunha! Sempre amistoso e conversador, hehe. Aí sim, estávamos com os ouvidos polarisados à fala do nosso mestre com algum outro compositor. Sentou-se na fileira de cadeiras atrás da nossa, ouvimos tudo que dizia com peculiar atenção e, como sempre, aprendemos muito.
Eis que se inicia o concerto. (O professor Cunha teve que se esforçar pra não continuar a conversa, que tava boa, hehe.)
A primeira peça foi do compositor Uruguaio Ulisses Ferreti (que está fazendo doutorando em composição sob a orientação do Cunha). E que peça, grande compositor! Foi de cara a minha favorita do concerto. Era um improviso para flauta doce com sons eletrônicos, sonoridade impressionante. Já tinha tido a oportunidade, em abril, de assistir uma palestra muito rica do Ferreti onde ele explicou e clareou muito sobre as paisagens sonoras, estudo sobre o qual esta peça foi baseada. Bom, seguiu-se o concerto com coisas interessantíssimas e novas para nós como a "Ópera Gastronômica" do compositor Argentino Marcelo Villena e foi foi que findou-se com uma peça vocal com sons eletrônicos da Cuca, que eu acho muito bonita e até assustadora. (Já tinha ouvido num "Música de POA" antes).
Revelo que fui breve nas descrições da minha audição pelo fato de que o mais marcante no dia não foi o concerto em si.
Após interpretar sua peça a Cuca convidou a todos presentes para um bate-papo sobre o concerto e sobre música em geral.
Eu e o Baiano pensamos um pouco e envergonhados ante à presença do pessoal importante lá, não conseguiriamos ficar lá em cima debatendo frente-a-frente com os compositores já com uma boa maturidade composicional. Descendo as escadas, silenciosos e recolhidos à nossa insignificância estávamos indo embora pensando no que perderíamos de ouvir lá em cima. Quase na saída eis que eu tive uma brilhante idéia (Modéstia à parte):
"Porque não ouvimos as converas aqui de baixo!?".
Eis que começa a parte sobrenatural desta história verídica.
Tudo bem, já seria meio surreal dois aprendizes recolhidos à insignificância ouvindo do andar térreo os debates do pessoal que estava poucos metros acima no mezanino debatendo questões sérias em Arte.
O fantástico se inicia ao irmos para parte de baixo do mezanino. Adentramos sem querer no ambiente da exposição "Em casa, no Universo" com dezenas de fotos absurdamente lindas do cosmos tiradas pelo telescópio Hubble em grandes painéis nos corredores e até no teto e no chão. Sem contar de iluminação fabulosa.
Pode parecer meio comum pra alguns quem leem. Mas eu travei quando me dei conta de onde estava. Situação muito simples e incrível que me meti: tentando encontrar um esconderijo para minha insignificância encontro nada mais nada menos que o cosmos.
A vida, o tempo... Que sedutores mistérios. Por causa deles, como sempre, só me resta agradecer as estrelas e as nebulosas por estes milhares de misteriosos fatos que me deparo e que volta e meia posto neste blog.
Um Abraço, meus caros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário