Hoje acordei mais cedo, cedo demais. Duas da manhã.
De pronto busquei saber porque abria os olhos e não entendi. Consultei meus sonhos, me disseram coisas lindas e verdadeiras mas não consegui apanhá-los e esqueci de pronto tudo. De pé meus pensamentos dançavam que eram rios plenos de coisas passadas de "poderiam ter" ou "futuras de não ser", mas não desaguavam nunca no lago do eterno presente, meu coração dói e minha mente está cansada do que pode ver. salva-se só meu Ser, mas a deste pouco entendo para dizê-lo, mas volta e meia sorri-me nalguma vida dos abris.
E ele sabe o porque que eu abria os olhos e não entendia.
O fato é que antes de saber da possível existência deste post, precisava terminar de colher as cores do abril pra apresentar-lhes aqui as luzes neste post. Agora sei que esta foi a missão de ter hoje aberto os olhos tão cedo e desoladamente numa vastidão de vazio de sufocar com a sensação de que nunca mais poderia cerra-los novamente. Muitas cores como as de hoje eu colhi desde o primeiro sol a nascer oculto na bruma deste mês solenemente belo, frio, branco, azul e economicamente claro que termina hoje e plantei-as todas elas numa composição musical que terminei na aurora desta terça aos sussurros da bruma de luz fosca na minha janela da borboleta azul e grande, chamei-a Variações do frio no Abril. Agora é só meditar para que os enviados do outono despertem dentro de todos vocês estas luzes, assim, daqui há uns meses, no inverno (assim espero) quando nascer a música da terra úmida que plantei, ela já tenha como ir em direção às luzes frias e nobres (que são sóis) que o outono a dentro já inspirou em vossos ouvidos interiores.
E que seja um chamado de Paz.
Bom, o fato é que encarando a realidade da minha miserablidade vesti-me de forma séria para respeitar nem que seja o vento do Abril e fui pacientemente comprar livros aqui na rua de trás, e fui perder-me nas mais vastas letras de vários países. Depois de analisar cuidadosamente umas 4 horas vastas de vastas estantes em quatro senhores sebos de literários, colhi com o coração dois volumes: "Os sinos e o mar" e "O livro das perguntas" ambos de Neruda.
Porque não tenho a facilidade de encontrar amores (e ao meu próprio Ser) como tenho para deixar de comer, me perder e reencontrar-me gastando o que nem podia com livros que me alumiam?
Porque sou sempre assim?
E será que esta bruma de abril foi a mesmo do ano passado?
Com o pacote dos livros firme nas mãos ao atravessar a avenida Borges (desta vez o de Medeiros) esperando a sinaleira e tentando mostrar respeito, contemplo o pesado viaduto agora leve de e sutil de bruma. Acima, sumindo na espessa névoa do fim do mês o meu Ser (e estava meu grande amor junto?). Acena-me adeus, gritei-lhe com os olhos "espera!" E pensei "onde ela está, minha vida, como a encontro?" Eis que some névoa adentro pela Duque. A sinaleira dos pedestres abre e sou levado adiante pelos passos firmes e concisos da multidão que trabalha.
Afinal, quantos anos tem abril?
(christiancarey)
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(christiancarey)
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