Acabo de chegar em casa;
abrir as janelas;
e sentar pra registrar alguns acontecimentos destes dois últimos dias; dois dias que me pegaram de surpresa, não foram esperados mas presentindos. Sem dúvidas alguma, dois dos dias mais importantes da minha existência, cuja razão eu sei que estou no rastro da trilha e sei que um dia toparei de frente.
Mas, agora,
sinto necessidade de agraciar,
primeiramente o tempo;
- cuja arte que o traduz é a minha. -
Depois aos céus e a terra.
Por terem dia a dia, me demonstrado, com pequenos sinais, encontros como os de hoje, os quais me confirmam que o caminho que escolhi foi o mesmo para qual eu nasci.
Bom,
adiante...
De uns tempos pra cá, tenho caído em alçapões de indagação existencial cuja saída sempre encontrei em forças indescritíveis cuja única palavra que encontrei pra dizê-las é Arte. Essas quedas, que tornaram-se constantes de uns três anos para cá, tem me feito muito humano. Sempre ergo-me mais humano do que quando caí.
Estive dois anos em Curitiba, como alguns sabem. Lá esses momentos se tornaram dementemente constantes... Eu sabia que havia algo de errado, não conseguia encontrar-me.
Em 2007, como por uma inspiração, resolvi conhecer a arte de um gaúcho de nome Vitor Ramil - que muitos devem conhecer -, sobre o qual, ouvia falar sempre muito bem. De cara, encontrei-me no som: profundo e triste. Até aí tudo bem, até começarem as primeiras conhecidências.
Como fã, comecei a me intereçar pelos elementos que estão na sua arte - muitos dos quais eu já admirava, como o Frio, Pureza, Melancolia, Chimarrão... Etc - e que me fizeram pensar muito nos meus momentos de queda: Na verdade a obra inteira dele está repleta de elementos com que tenho afinidade.
Mas foi lendo sobre a vida deste cancioneiro de Satolep, que eu me apavorei com a quantidade de coisa que temos em comum: Nascemos ambos no sétimo dia da tristeza do abril; Ambos em algum momento da vida tivemos de ir morar distante da nossa terra e nos sentimos atordoados por isso (Satolep a dele, Gantisoa a minha); Somos gauchos por excelência; Compositores; Cultuadores do frio; e da nossa terra; e a lista se vai...
Encurtando, não demorei muito e de súbito decidi largar minha faculdade e a cidade de Curitiba, voltaria de mala e cuia para o Rio Grande do Sul...
Encontrei-me!
Não tinha dúvida alguma que estava indo pro lugar certo; já no momento que fui prestar a prova prática no Instituto de Artes da UFRGS sentia que ia de encontro com a terra e os céus; enquanto meus colegas estavam um tanto quanto nervosos na hora da prova, eu sentia ao executar uma milonga para piano - a qual eu fireza num momento de tristesa e saudades ainda em Curitiba - sentimentos de liberdade e pureza, diria que no momento da prova, eu me sentia tão bem e tranquilo quanto nunca estive nos dois anos que permaneci longe de casa.
Aproveitei a ocasião da prova, fins de outubro de 2008, para ir numa palestra com o Vitor Ramil na feira do livro daqui onde ele falara de seu livro "Satolep", que adiquiri na ocasião.
Nesse mesmo dia, à par de tudo isso, outra coisa muito importante me aconteceu: Tive o prazer de encontrar-me, aqui em Porto Alegre, com uma pessoa muito querida com a qual me comunicava pela internet a muito tempo, mas que ainda não havia a visto completamente. O curioso é que essa pessoa tem tanta em comum comigo quanto o que tenho em comum, e que já citara, com Vitor Ramil. Como por inspiração, ela, que nem era daqui aqui estava, num momento muito importante da minha existência. Seria mera conhecidência, no mesmo dia topar de frente com duas pessoas que me influenciaram muito, e ambas nessa cidade linda chamada Porto Alegre!?
Bom, depois dessa semana reveladora que passei aqui em Porto Alegre fazendo, voltei Curitiba afim de terminar os últimos compromissos que tinha com a Escola de Música e Belas Artes de lá, um lugar onde eu aprendi muito, como podem ler em alguns posts anteriores deste blog. Lá em Curitiba acabei descobrindo mais coisas assustadoras a respeito de Vitor Ramil: Pasmem!!! Ele estudou composição musical no I.A.: Exatamente o mesmo curso que eu estava indo fazer!!!
Com essa sequência de acontecimentos, nem preciso dizer que que sentia no íntimo que escolhia a coisa certa pra minha vida.
Mas, caros leitores...
O que realmente me leva a escrever essas linhas agora nessa noite de sábado, foram outras coisas que me aconteceram que me fizeram ter certza que o acaso não existe e que a vida de cada um tem um sentido e que estou próximo do da minha.
Pois bem, primeiramente:
Essa semana tive o prazer de decobrir que a pessoa querida que eu me comunicava pela internet, a qual eu encontrara na ocasião da palestra com Vitor Ramil na feira do livro, também está morando em Porto Alegre, e na minha rua, e há poucas quadras daqui onde escrevo agora.
E o mais absurdo acontecimento,
Nessa sexta (ontem) fui sentar ao piano pra compor. Mas não consegui uma nota, nem o vinho nem nada me ajudara. Aalgo não tava certo comigo, eis que começo a tentar achar motivos... Fico pensando como caras como Vitor Ramil, que são um poço de inspiração, tem tanta facilidade pra compor!? O que eu precisava pra conseguir fazer minha arte de forma sincera!? Porque mesmo me esforçando tanto - pois tenho estudado muito, muito e muito - tem horas que não consigo criar uma simples canção!? Será que estou no caminho certo!? Será que sou artista!? Será que sou músico!? Pronto! Estava eu num dos alçapões existenciais que sempre me pegam.
Mas, senhores, digam-me se isso se chama acaso:
Hoje iria eu ficar em casa, mas por inspiração (novamente), olhei o sol deitando-se no leito do horizonte e senti que precisava ir até o Gazômetro pra contempla-lo. Fiz um mate, e fui com a cuia e a térmica na mão. Lá fiquei sentado por um bom tempo, vendo a arte das pessoas que com as ondas de suas lanchas modificavam a paisagem impressionista no leito do guaíba, algo definitivamente lindo e que só eu parecia contemplar.
Pois bem, nesse tempo estava eu ainda caído existencialmente, tentando me achar nos sentimentos e emoções da vida, olhando a paisagem, como quem pedisse inspiração pra vida. Esperei os rubores do crepúsculo evanescerem e parti pela rua dos andradas. Conversei com poetas na casa de cultura Mário Quintana e procurei me informar das coisas culturais. Meio cansado e com ganas de encontrarme, segui pra casa...
Foi então que, hoje, logo mais cedo, passando exatamente na frende do lugar onde estive com a dita pessoa querida: a praça da alfândega. No exato momento que estava lembrando desse momento, ouço no som de um auto-falante que vinha de dentro da praça, uma mulher anunciando no microfone: "Ele, que cantou a Pureza, a concisão, a leveza e a melancolia... Com vocês VITOR RAMIL". Eu travei.
Tive o prazer de sentir na pele mais um grande show de um artista dos mais inspirados, que me influenciou e influencia muito...
Mas, por ACASO!?
Não, estou certo que não.
Por essas coisas, tenho procurado estudar e me esforçar muito, pra viver com pureza, compor com melancolia, estudar com concisão...
Obrigado, novamente, por fazer-me topar com pessoas incríveis
céus;
terra;
e tempo.
Vou me esforçarei pra ser um homem de bem;
Um abraço, de coração, aos grandes amigos(as), desculpem pela ausência;
Muita Arte à todos.
- Alberto R. T.
Porto Alegre, 21 de março de 2009.
PS: A semana que seguiu a relatada foi de intensidade ainda maior pra mim.
Tenho levado uma vida muito justa aqui nessa agradável cidade, estou respirando arte e emoção. Tenho me sentido muito bem, meio solitário, é verdade... Mas é um momento necessário.
Abraço aos amigos, especialmente os Santiaguinos.
(christiancarey)
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(christiancarey)
3 comentários:
Como é gratificante ler as palavras de gratidão e satisfação de uma pessoa que me é tão cara! Fiquei aqui contemplando e falando sozinha, vibrando contigo. (Falando em voz alta na frente do computador, como de praxe! hehe) Estou feliz de verdade por ti, continue trilhando seu caminho com tanta perseverança! Um beijo da sua amiga curitibana :)
Bah, que baita texto este, não só pelo tamanho, mas porque está muito bem escrito e bonito Parabéns! Ah, e claro, quando tu vier vamos combinar algo sim. Abraços!
Nossa, texto incrível.
O dia que vieres a Santa Maria, será um prazer se aceitares minha compania para um chimarrão.
Grande abraço!
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